Do pequeno ao grande
Tratamento para a pele, lipoaspiração, maquiagem, chapinha, silicone, alisamento, academia, abdominal, anabolizantes...

Todos os dias, somos bombardeados com milhares de opções para nos tornarmos “mais belos”.

Mas afinal... o que é ser belo? Qual é o conceito de beleza?

Cada vez mais, fico impressionada com a preocupação excessiva (e um tanto quanto doentia) em relação à estética – especialmente da parte das mulheres.

Na rua, no ônibus, na faculdade – em qualquer lugar –, são outdoors, fotos, anúncios, revistas, todos mostrando um ideal de beleza ilusório e inconstante.

Esse ideal vêm sendo plantado nas nossas mentes há séculos – tanto é que, hoje, está impregnado no nosso inconsciente. Comemos um chocolate e no outro dia estamos lá, correndo na esteira, fazendo abdominais, com aquele sentimento de culpa martelando lá dentro.

Tudo bem, exercício físico faz bem para a saúde, sem dúvida! Agora, a coisa me parece fora de controle quando se enxerga, numa das avenidas mais movimentadas da cidade, uma adolescente que aparenta ter, no máximo, 50kg, correndo desesperadamente, parecendo estar em busca de algo intangível, impossível...

Em busca da forma perfeita.

E essa obsessão está se tornando cada vez mais jovem. Com 15 anos, as meninas já têm a idéia fixa da plástica, seja ela nos seios, nos quadris, no nariz ou um simples mega-hair (implante de cabelos). Os meninos já começam a se preocupar com a academia; em conseguir braços de halterofilista e peitoral de nadador.

Em uma enquete feita por mim, de 12 mulheres e 9 homens, ao serem perguntados o que mudariam em seu corpo se pudessem, apenas uma do sexo feminino respondeu “Nada”. Do sexo masculino, foram dois. Afora as mencionadas exceções, as respostas variam muito – e são previsíveis: silicone, plástica no nariz, cabelo mais liso, mais altura... ou seja: um reflexo das modelos perfeitas que andam por aí, sorrindo sensualmente dos outdoors e das capas das revistas direcionadas a mulheres:





Coincidência? Certamente que não.

Como bem disse o cantor e compositor Herbert Vianna, em um texto de sua autoria, “Gordura é pecado mortal. Ruga é contravenção. Roubar pode, envelhecer, não. Estria é caso de polícia. Celulite é falta de educação. Filho da puta bem sucedido é exemplo de sucesso”.

ssas pequenas coisas refletem a natureza da nossa sociedade. Ao invés de estarmos nos preocupando com assuntos como a corrupção, a saúde, a educação do país, estamos lutando para seguir um conceito de beleza que, na verdade, não existe e muda conforme a época. Há poucos séculos atrás, mulher bonita era aquela “que tinha onde pegar”, rechonchuda, com curvas. Hoje, mulher bonita é a mulher do corpo “perfeito”: magra, com seios siliconados, traseiro igualmente turbinado e uma cinturinha de medidas tão pequenas que chegam a ser assustadoras. Homem bonito é aquele com um rosto perfeito e corpo tonificado.

Mulher bonita é Gisele Bündchen, é Angelina Jolie, é Jéssica Alba. Homem bonito é Brad Pitt. Rodrigo Santoro. Ashton Kutcher.

A pergunta é: será que os homens e mulheres brasileiras são assim? Será que os homens e mulheres, por todo o mundo, são assim?

Cada vez mais, a sociedade implanta essa imagem de perfeição na cabeça das pessoas – principalmente de nós, jovens, que ainda estamos com a cabeça em formação. Como bem disse Herbert Vianna, “uma sociedade de adolescentes anoréxicas e bulímicas, de jovens lipoaspirados, turbinados, aos vinte anos não é natural. Não é, não pode ser. Que as pessoas discutam o assunto. Que alguém acorde. Que o mundo mude”.

Que demos importância a valores que, gradualmente, vêm se perdendo. Valores como a cidadania, a solidariedade e o amor. Pode soar utópico, mas são as pequenas esperanças que fazem a diferença. É do pequeno que se chega ao grande.
8 Responses
  1. Guinei Says:

    Oi Raquel!Tudo bem?Meu nome é Fagner e eu estou passando para conhecer pessoas novas neste blog!Recém abri e estou visitando o pessoal e convidando também para conhecer o meu!
    Visite!
    Abração!!!


  2. Aline Says:

    Acho que a vaidade não é em si ruim, o problema é colocar isso em primeiro lugar. Não sou contra plásticas e procedimentos cosméticos, acho que se algo pode ser feito para alguém se sentir melhor então deve mesmo ser feito. Só que quando se trata do ser humano nunca é tão simples assim! Há sempre a inversão de valores, que estraga tudo, como você citou.


  3. Na verdade, não fomos feitos pra nos sentirmos mal, né? Se tem algo que nos incomoda, mudamos! =D


  4. Deni Says:

    o conceito de ser belo é a extravagância.
    a extravagância traz os exageross..
    em gastar..
    em poder..
    em sonhar..
    em se transformar..

    mas enfim..
    cada um sabe o q faz..
    [pelo menos é o q deveria ser]
    e claro
    prefiro operar por necessidade do q por vaidade.
    mas como disse
    se tem dinheiro.
    se vai ser bom pra ela..
    vai em frente!

    brigado por ter passado lá no
    www.bagageirodocurioso.spaceblog.com.br

    e tá ortogardo o direito de retornoar ao atualizado blog deste q vos escreve
    xD~
    abraço e boa asemana!


  5. Bruna Says:

    Uhuu..

    e dálhe Herbert!!


    SHOOOOWL


  6. Tenho a impressão de que os verdadeiros valores, como a solidariedade, o amor e a inteligência vem sendo deixados de lado por um corpo bonito, um cabelo perfeito e uma forma de vida tão deprimente, mas que chega a doer ao ver.
    E eu ainda me culpo por apenas, tingir o cabelo...

    Beijo


  7. NÃO ADIANTA, PODEM FAZER O QUE QUISEREM.

    PARA O HOMEM A MELHOR MULHER É AQUELA QUE ESTÁ COMELE ...NAQUELE MOMENTO.

    O RESTO É MÍDIA, PUBLICIDADE,SONHOS, UTOPIAS E FRUSTRAÇÕES.


  8. Que bom que pensas assim, Paulo!
    Ainda encontro alguns homens por aí que parecem é se importar com a publicidade, os sonhos e utopias que mencionaste. =P

    E Lidi! Também me "censuro" por pintar o cabelo, mas como disse a Aline ali em cima, a vaidade não é necessariamente ruim. O problema é quando ela se torna uma obsessão e cada mudança não é suficiente para satisfazer a pessoa - ela quer sempre mais e mais e, no fim, se transforma em alguém muito diferente do que costumava ser.


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