O que você faria se fosse o último homem (ou mulher) vivo na Terra?
É mais ou menos do que se trata o filme Eu sou a lenda, dirigido por Francis Lawrence.
Will Smith interpreta o virologista militar Robert Neville, que, por alguma razão, é imune ao vírus terrível que assolou a cidade de Nova York - e o mundo. Sozinho na ilha de Manhattan, Neville envia mensagens todos os dias através de todas as freqüências AM disponíveis, na esperança de encontrar um sobrevivente como ele e, à noite, quando as vítimas mutantes do incurável vírus atacam, ele se tranca em sua casa e faz testes com os mutantes que captura, na esperança de encontrar uma cura.
O filme começa mostrando uma entrevista com uma médica que, modificando o vírus do sarampo, descobriu a cura para o câncer.
"Quantos testes em humanos foram feitos até agora?" perguntou a jornalista.
"10.009," respondeu a médica.
"E quantas pessoas se livraram dos tumores?"
"10.009."
"Então vocês afirmam ter encontrado a cura para o câncer?"
A médica sorri. "Sim. Encontramos a cura para o câncer."
A cena muda e, três anos depois, Nova York é mostrada vazia, morta e completamente quieta. Foi extremamente interessante (e um tanto quanto perturbador) ver a cidade que nunca pára mostrada daquela maneira.
As pessoas "curadas" pelo câncer começaram a apresentar sintomas estranhos e transformaram-se em canibais rápidos e fortes, que comiam todos que viam pela frente. O governo americano colocou Nova York em quarentena, e só saíam da cidade aqueles que comprovadamente não estavam infectados. O vírus se espalha e só sobra Neville e sua cachorra, Sam.
Ouvi algumas críticas ruins ao filme, afirmando que ele era ficção científica demais. De fato, o filme não é baseado em fatos reais, e sim em um romance de Richard Matheson. A história tem seu lado exagerado, é claro. Mas achei extremamente interessante o seguinte contexto: a cura do câncer foi encontrada de uma hora para a outra e, por conseqüências certamente não previstas, a humanidade foi levada à beira da extinção. Talvez para tudo exista uma razão...
É claro que nossos cientistas jamais desistirão de tentar encontrar uma cura para a horrível doença que é o câncer. Mas talvez a mensagem subliminar do filme tenha sido justamente demonstrar que há coisas ainda piores que podem vir a acontecer. E demonstrar, também, que quem causou a semi-destruição da humanidade fomos nós mesmos.