Estava frio (frio demais para primavera, estou dizendo!). Já escura, a parada de ônibus estava vazia a não ser por mim e uma meia dúzia de pessoas com semblantes cansados. Eu esperava ansiosamente para voltar para casa após uma sexta-feira longa e trabalhosa... Foi quando vi algo que fez todas as preocupações do trabalho, da aula e da vida pessoal se esvaíram da minha mente (pelo menos naquele momento).
Um casal bastante jovem - não deviam ter mais de 15 anos - atravessou a rua correndo descuidadosamente. Quase foram atropelados pela horda violenta de carros doidos para voltarem para suas garagens - mas sorriam. Gargalhavam, na verdade. Sacudi a cabeça e vários pensamentos censuradores sobre jovens irresponsáveis envolvendo-se em relações descuidadas cedo demais invadiram a minha cabeça. Voltei minha atenção à estrada novamente, prestando atenção para ver quando meu ônibus se aproximasse. Mas não pude deixar de prestar atenção no casal.
Uma garota bonita, jovem, com cabelos curtos e um lenço colorido na cabeça, e um garoto que parecia demais com um dos Beatles - e ele usava uma cartola. Não paravam quietos em banco algum. Sentavam-se, levantavam-se, naquela inquietude adolescente. Riam, brincavam de perseguir um ao outro, cantavam alto... Pareciam duas crianças pequenas, apaixonadas... felizes.
Algumas pessoas na parada nem estavam prestando atenção, mas a maioria lançava olhares repreensivos aos dois. O casal, entretanto, parecia estar isolado, em um cantinho só deles. Estavam completamente cegos para o resto do mundo, viam apenas um ao outro.
Um casal despirocado, louco... mas completamente apaixonado.
Pessoalmente, prefiro o despirocado e louco às relações vazias, dramáticas, obsessivas e sem sentimento que tenho visto (e experienciado) por aí.
Sabem... Talvez o mundo precise desse tipo de loucura. Talvez devamos nos importar menos com o que os outros pensam de nós e começar a dar importância ao que pensamos de
nós mesmos, como o casal da parada, que não se importava com nada a não ser com a alegria de aproveitar aquele momento.
Quero um amor louco, alucinado que não se prende ao passado.
Preciso de um amor fantasiado e palhaço, pulando carnaval, gritando o seu amor
(Quero um amor, Vivian Regina)
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