Como é simples...
(Post curto e levemente "desabafatório")

Não costumo ser hipócrita, por isso, não gosto muito de julgar as pessoas. Mas me incomoda muito quando indivíduos e indivíduas se dividem em cinco e agem de dez maneiras diferentes conforme o local e a companhia.

Claro, convivemos com vários tipos de pessoas e ambientes (trabalho, amigos, relacionamentos, família...) e temos que nos adaptar a cada um deles. Agora, uma coisa é adaptação. Outra é agir de forma completamente diferente quando se está com amigos e sozinho(a).

Fico muito irritada quando percebo que certas pessoas não têm coragem de dizer o que realmente pensam e fazer o que realmente querem. Sempre fui bastante cuidadosa, mas percebo que a vida é curta demais para arrependimentos. Uma coisa é querer voltar atrás em função de alguma atitude errada, mas penso que é pior - bem pior - chegar daqui a alguns dias, semanas, meses ou anos pensando "por que não fiz aquilo?".

Como diz a minha amiga Bruninha, talvez eu esteja mesmo em outra vibe. Mas prefiro pensar um pouco diferente e dormir bem à noite do que deitar a cabeça no travesseiro e me arrepender de coisas que deixei de fazer ou dizer.
Grossas ou finas?
Nada como uma boa polêmica sobre partes do corpo feminino para aumentar o número de visitas do blog – e deixar alguns fãs muito, muito irritados.

Paulo Sant’Ana, jornalista gaúcho de longa data, é comentarista na RBS TV e na Rádio Gaúcha, além de possuir uma coluna diária fixa no jornal Zero Hora e um blog no site ClicRBS. É conhecido por seus comentários críticos sobre futebol e costumes sociais. Costuma ser absurdamente perspicaz em relação a temas polêmicos e habituais do cotidiano, mas com o texto publicado dia 25 de janeiro, entretanto, parece ter dado um tiro no próprio pé.

Estava eu, navegando pelos blogs do ClicRBS, quando me deparei com o título da postagem do Sant’Ana: “Epidemia de pernas grossas”. Imediatamente franzi a testa e então sorri, pensando que me depararia com algum tipo de estatística mostrando que as mulheres, afinal, deixaram de buscar incessantemente o padrão esbelto-barra-anoréxico estipulado pela indústria da moda.

O que encontrei, contudo, foi um texto bastante machista que deixou a mim e a mais de 140 leitores (fora os que não comentaram no blog) bastante frustrados e chocados com a generalização equivocada que Paulo Sant’Ana expressou com suas palavras.

O jornalista escreveu sobre o quanto as mulheres estão procurando, cada vez mais, engrossar as pernas e como deveriam envergonhar-se disso. Protestou contra a “onda de pernas grossas que invade a televisão brasileira” e afirmou categoricamente que não é isso que os homens querem.

Ainda acrescentou, em determinada parte do texto: “está aí o mercado de desfiles de moda a pregar claramente que o caminho para a beleza está na esbeltez”.

Na esbeltez? Mesmo? Pessoalmente, prefiro que o meu corpo e que os corpos das mulheres em geral fiquem o mais longe possível do padrão anoréxico estampado nos outdoors, capas de revista e comerciais pelo mundo afora.

Será que o Sant’Ana não anda prestando atenção quando anda pelas ruas desse país? Aliás, não é preciso nem sair de Porto Alegre para perceber qual é o padrão corporal verdadeiro da mulher brasileira: quadris largos, pernas grossas.

“Será que elas [mulheres que procuram engrossar as pernas] não calculam o suplício das mulheres que de nascença têm as pernas grossas e são obrigadas a esconder-se atrás das calças compridas para permanecerem no mercado romântico e sensual?”


Posso estar enganada, mas, particularmente, nunca vi mulher esconder as pernas grossas – muito pelo contrário. Além disso, talvez grande parte dessa confusão se dê porque vários (para não dizer “a maioria dos”) relacionamentos são tratados exatamente como Sant’Ana (equivocadamente) nomeou: um “mercado” de relações comerciais, rápidas e imediatistas, onde o “produto” funciona até ser trocado por um modelo mais novo e mais satisfatório.

Sant’Ana terminou o texto com um grosseiro “elas que se ralem”, afirmando que as mulheres devem ir às favas se não se importarem com a opinião masculina.

Ai ai ai, Sant’Ana.

Ao contrário do início do texto, o alarme não deveria soar quando mulheres de pernas grossas aparecem na televisão. Deveria era disparar quando avistamos garotas excessivamente magras andando por aí, prestes a desmaiar ou a serem levadas pelo vento. Tocar bem alto quando vemos amigas, irmãs, namoradas, esposas, todas fazendo dieta, malhando e ingerindo vitaminas. Tomando providências não para sentirem-se bem consigo mesmas e permanecerem saudáveis, mas pura e simplesmente para agradar o companheiro.

Ao invés de protestar contra as mulheres que engrossam as pernas porque (segundo ele) os homens não gostam disso, Sant’Ana deveria escrever que as mulheres têm é de parar de seguir padrões – e isso vale para os homens, também. Beleza é sentir-se bem, tendo pernas grossas ou finas.

FELIZ DIA DA MULHER A TODAS!