Êêêê, pé esquerdo!!!
É. Tem dias em que as coisas parecem simplesmente darem errado.

Levanto-me pela manhã, atrasada (o despertador foi desligado violentamente algumas horas antes), já com aquele humor questionável e perigoso. Desço as escadas. Logo, percebo que a maré de mau humor é geral, na casa. Começo a ler Cidade do Sol (o tema afeta mais do que afetaria normalmente). Quarenta e cinco minutos depois, tomo um banho para relaxar e vou me vestir. Depois de uma longa luta para decidir que roupa colocar, almoço em 10 minutos e levanto-me da mesa para arrumar minhas coisas e pegar o ônibus das 13h05min, que passa quase em frente à minha casa.

Pois bem. Eis que lá estou eu, saindo do portão às 13h04min, quando vejo o maldito vindo ao longe (mas nem tão longe assim), no começo da rua transversal. Oh não! Começo a correr e fazer sinais para o motorista parar, e ele passa por mim (me olhando no fundo dos olhos e certamente pensando "não darei carona à essa louca"). Perco o ônibus.

Fico parada na esquina respirando pesado. De repente, me lembro... nem tudo está acabado! Posso caminhar algumas quadras e pegá-lo na parada em frente à prefeitura. Começo a caminhar quando minha sandália arrebenta. Com aquela expressão furiosa de personagem de desenho animado (veja a foto ao lado para uma melhor compreensão), começo a caminhar de volta para casa. Ok. Vou pegar o ônibus das 13h30min.

Chego em casa; minha mãe me olha com uma expressão preocupada. Eu apenas levanto uma mão, como que dizendo "nem pergunte". Subo as escadas, com as pernas doloridas de correr. Aproveito para colocar uma roupa mais fresca, porque lá fora estava fazendo nada mais nada menos do que 34ºC (e o sol a pino).

Volto para a parada e me sento. Aproveito para ler um texto para a aula da faculdade... mas eis que minha cabeça simplesmente não consegue se concentrar. Fecho o livro e os olhos. E se não fosse pela gentil senhora sentada ao meu lado, teria perdido o ônibus novamente.

(Mulheres que adivinharam: sim, estou na TPM)

E vejam bem... acordei com o pé direito, hoje pela manhã. Imaginem se tivesse sido o outro...
Do pequeno ao grande
Tratamento para a pele, lipoaspiração, maquiagem, chapinha, silicone, alisamento, academia, abdominal, anabolizantes...

Todos os dias, somos bombardeados com milhares de opções para nos tornarmos “mais belos”.

Mas afinal... o que é ser belo? Qual é o conceito de beleza?

Cada vez mais, fico impressionada com a preocupação excessiva (e um tanto quanto doentia) em relação à estética – especialmente da parte das mulheres.

Na rua, no ônibus, na faculdade – em qualquer lugar –, são outdoors, fotos, anúncios, revistas, todos mostrando um ideal de beleza ilusório e inconstante.

Esse ideal vêm sendo plantado nas nossas mentes há séculos – tanto é que, hoje, está impregnado no nosso inconsciente. Comemos um chocolate e no outro dia estamos lá, correndo na esteira, fazendo abdominais, com aquele sentimento de culpa martelando lá dentro.

Tudo bem, exercício físico faz bem para a saúde, sem dúvida! Agora, a coisa me parece fora de controle quando se enxerga, numa das avenidas mais movimentadas da cidade, uma adolescente que aparenta ter, no máximo, 50kg, correndo desesperadamente, parecendo estar em busca de algo intangível, impossível...

Em busca da forma perfeita.

E essa obsessão está se tornando cada vez mais jovem. Com 15 anos, as meninas já têm a idéia fixa da plástica, seja ela nos seios, nos quadris, no nariz ou um simples mega-hair (implante de cabelos). Os meninos já começam a se preocupar com a academia; em conseguir braços de halterofilista e peitoral de nadador.

Em uma enquete feita por mim, de 12 mulheres e 9 homens, ao serem perguntados o que mudariam em seu corpo se pudessem, apenas uma do sexo feminino respondeu “Nada”. Do sexo masculino, foram dois. Afora as mencionadas exceções, as respostas variam muito – e são previsíveis: silicone, plástica no nariz, cabelo mais liso, mais altura... ou seja: um reflexo das modelos perfeitas que andam por aí, sorrindo sensualmente dos outdoors e das capas das revistas direcionadas a mulheres:





Coincidência? Certamente que não.

Como bem disse o cantor e compositor Herbert Vianna, em um texto de sua autoria, “Gordura é pecado mortal. Ruga é contravenção. Roubar pode, envelhecer, não. Estria é caso de polícia. Celulite é falta de educação. Filho da puta bem sucedido é exemplo de sucesso”.

ssas pequenas coisas refletem a natureza da nossa sociedade. Ao invés de estarmos nos preocupando com assuntos como a corrupção, a saúde, a educação do país, estamos lutando para seguir um conceito de beleza que, na verdade, não existe e muda conforme a época. Há poucos séculos atrás, mulher bonita era aquela “que tinha onde pegar”, rechonchuda, com curvas. Hoje, mulher bonita é a mulher do corpo “perfeito”: magra, com seios siliconados, traseiro igualmente turbinado e uma cinturinha de medidas tão pequenas que chegam a ser assustadoras. Homem bonito é aquele com um rosto perfeito e corpo tonificado.

Mulher bonita é Gisele Bündchen, é Angelina Jolie, é Jéssica Alba. Homem bonito é Brad Pitt. Rodrigo Santoro. Ashton Kutcher.

A pergunta é: será que os homens e mulheres brasileiras são assim? Será que os homens e mulheres, por todo o mundo, são assim?

Cada vez mais, a sociedade implanta essa imagem de perfeição na cabeça das pessoas – principalmente de nós, jovens, que ainda estamos com a cabeça em formação. Como bem disse Herbert Vianna, “uma sociedade de adolescentes anoréxicas e bulímicas, de jovens lipoaspirados, turbinados, aos vinte anos não é natural. Não é, não pode ser. Que as pessoas discutam o assunto. Que alguém acorde. Que o mundo mude”.

Que demos importância a valores que, gradualmente, vêm se perdendo. Valores como a cidadania, a solidariedade e o amor. Pode soar utópico, mas são as pequenas esperanças que fazem a diferença. É do pequeno que se chega ao grande.
Puta que pariu, Clodovil!

Clodovil... um homem polêmico... um homem barraqueiro... um homem sincero.
Muitas pessoas (para não dizer a maioria - e, entre elas, deputados) não eram exatamente seus fãs. Durante toda a sua vida, Clodovil sofreu críticas por "ser" escandaloso, por ser homossexual, por falar "sem pensar".
Na minha opinião, acho que se a frase "sem medo de ser feliz" se aplica alguém, é à ele. Clodovil falava o que vinha à sua cabeça, não tinha medo de ofender ninguém (e ofendia! "Eu tenho culpa que ela nasceu feia, gente?!" - bate-boca com a deputada Cida Diogo, em 2007).
Acho que o Brasil precisa de mais pessoas assim, que falem a verdade, que consigam se erguer o suficiente para não temer processos e ameaças dos grandões lá de cima, que mandam nesse país.
Puta que pariu, Clodovil!
Tu merecia mais uns 30 anos de vida.

Curtam algumas frases famosas do homem que não tinha medo de falar:

— Eu não sei o que é decoro, com um barulho destes enquanto um deputado fala. Eu não sei o que é decoro, porque aqui parece um mercado! Nós representamos o país! Não entendo por que há tanto barulho enquanto um orador está falando. Nem na televisão, que é popular, fazem isso. (Primeiro discurso na Câmara dos Deputados, 2007)

— Será que precisamos de gravata ou de seriedade? (Folha de São Paulo, 2007)

— Dinheiro é uma questão de cada um de nós. Eu só consigo viver no meio da beleza. (Sobre a reforma do gabinete, 2007)

— É claro que vou precisar de apoio, porque sozinho a gente não consegue nem se masturbar - tem de pensar em alguém. (Folha de São Paulo, 2006 )

— Não tenho medo de ninguém. Sou feito cachorrinho. Passa a mão nas minhas costas que eu já abano o rabo. (Em visita ao Congresso, 2006)

— Evidente que foi (armado o ataque contra as torres gêmeas) pelos próprios americanos, não seja idiota, é como o holocausto, você acha que não tinha nenhum judeu manipulando isso por debaixo do pano? (Em entrevista à Rádio Tupi, 2006)

— Se você não votou em mim, não pode me cobrar nada. Eu vou fazer do jeito que eu sei. Eu não sou político de profissão. (Em reunião de deputados eleitos e empresários na Fiesp, 2006)

— Fala para ele que na próxima eleição, quando me candidatar de novo, vou fazer o possível para ter menos votos para ele não implicar comigo. Se eu pudesse, dava meus votos para ele não ficar tão triste, mas não posso fazer isso. (Em resposta à critica feita pelo tucano Walter Feldman, 2006)


[FONTE: ClicRBS]
Vende-se... esposa?!
Sabem, todos os anos, escrevo um textinho especial para o Dia Internacional da Mulher. Esse ano, tinha resolvido não escrever. Para mim, cada vez mais, percebo que Dia Internacional da Mulher é um feriado um tanto quanto machista (Os homens têm um dia deles? Por que nós precisamos ter? Somos o sexo "frágil", é?). Bem, de qualquer maneira, estava eu a ler jornal com a minha mãe hoje à tarde quando ela exclamou "Minha nossa! Nunca vi uma coisa assim em toda a minha vida!". Fui ver do que ela estava falando, já achando que encontraria alguma espécie de notícia-atrocidade: outra bomba lançada em Israel, outro assassinato, outro estupro, outro assalto. Qual não foi a minha surpresa ao ver que minha mãe estava, na realidade, lendo os Classificados. Meu choque foi maior ainda ao ver qual anúncio tinha feito minha mãe exclamar daquele jeito. Aqui está ele:



Para quem não conseguiu ler, transcrevo agora:
OFEREÇO-ME p/ trabalhar como esposa de aluguel de segunda à sexta, organizar casa, compras, pag. Sei cozinhar, elaboro pratos dietéticos. c/ referências. Trabalho de Canoas a NH. Fone: ******** c/ Luiza. horário comercial.

"Esposa de aluguel"?! Já não bastassem os homens que não dão valor às suas mulheres, ser esposa, agora, é uma profissão? Com direito a anúncio nos classificados e tudo?
Não sou casada, obviamente, mas sempre acreditei piamente que ser esposa não consiste simplesmente em "organizar casa, compras, cozinhar". Creio que, ao casarem-se, as mulheres automaticamente assumem esse papel, devido à "lavagem cerebral" que lhes é imposta desde pequenas. Gurizinhos brincam com carrinhos, personagens de lutinha. Guriazinhas brincam com bonecas. Panelas. Vassourinhas de brinquedo (falem a verdade: qual é a freqüência com que vêem uma menininha jogando banco imobiliário!?).
Então as crianças crescem... os homens são ensinados a sustentar a casa. Trabalhar. As mulheres, quase que inconscientemente, tendem a tornarem-se as donas de casa, mesmo quando também têm suas carreiras profissionais. Sabem, acho que as tarefas deviam ser divididas. Um pouco pra cada lado. E acho, também, que não só os homens deveriam dar mais valor às suas mulheres, mas elas próprias devem se valorizar. Não se deixar abater. Não abaixar a cabeça. Não calar quando as chamam de "sexo frágil". Porque, vamos combinar: de frágil, nós, mulheres, temos apenas a aparência. O poder feminino é algo incrível (e os homens de plantão já perceberam isso, tenho certeza).
"Esposa de aluguel"... espero de coração que a sexualidade dessa moça não esteja incluída nas horas extras.
Que nós, mulheres (e os homens também!), venhamos a comemorar o feminino, comemorar mais as pequenas e grandes vitórias do dia-a-dia, as alegrias, as conquistas... comemorar tudo isso não apenas no dia 8 de março, mas todos os dias do ano.